Em 103 anos, 32 noivas de uma mesma família disseram o “sim” com a peça.
- Carolina Gonçalves
- 30 de jun. de 2015
- 2 min de leitura
Em 1910, Beatriz Studart procurava um vestido de noiva dos seus sonhos para dizer “sim” perante o altar. Em Manaus, na época, eles eram difíceis de encontrar. Além disso, poucas costureiras topavam encarar o desafio de fazê-los. Mas para uma ocasião especial, um vestido à altura: Beatriz importou o vestido de Bruxelas, Bélgica.
Feito em renda, com desenhos de flores e folhas bordadas à mão, o vestido começava ali uma história que atravessaria o tempo. As rendas tradicionais da cidade belga vestiram os sonhos de 32 noivas da família Franco de Sá, em mais de três estados brasileiros e por cinco gerações.

Resistiu ao tempo
O vestido de Beatriz Studart foi herdado primeiro pela filha, Klarisse Franco de Sá, que casou no ano de 1941. Depois disso, a peça virou parte integrante da família.
“Minha vó Klarisse teve seis filhos, e minha mãe foi a primeira que usou o vestido. Depois dela todas as sobrinhas, netas e bisnetas usaram ele”, diz a empresária Annik Valentine, que em 1987 casou com a mesma peça. “ A minha mãe foi a primera da terceira geração que usou o vestido e eu a primeira da quarta geração”, conta.
Para resistir ao tempo e às festas pelo qual passou, o vestido é lavado e guardado como manda uma tradição que também perdura por anos. “Depois que a noiva usa, o vestido deve deve ser lavado em água de chuva, e ser entregue de volta para a minha avó. Para não amarelar a renda, ela guarda-o dentro de um papel celofane de seda azul, e assim ele vem se conservando”, revela.
O vestido sofreu poucas modificações durante um século. De acordo Annik, apenas alterações de detalhes para se adaptar a diferentes silhuetas. “Algumas usaram com laço atrás outras sem e o forro também foi modificado. A maior delas foi a recomposição de toda a renda”, diz ela.
Lá vem a noiva! O vestido centenário é atração nas festas da família Franco de Sá. “O casamento já é uma festa tradicional e com um vestido que tem história como esse, fica ainda mais emocionante”, conta Annik.
Depois de alguns anos de descanso, a peça se prepara para vestir mais uma integrante da quinta geração da família. E o casamento será este ano. Que seja eterno, assim como o vestido.
Valor sentimental
Algumas peças do closet da empresária Emanuelle Lins e suas irmãs tem muitas histórias para contar. Elas herdaram roupas usadas na juventude da mãe, dona Alice Lins, que até hoje se mantêm intactas ao tempo e aos modismos.
Um exemplo é o macacão branco comprado pela matriarca há 40 anos. “Ele não tem marca, e o valor é sentimental. Minha mãe usou durante um jantar especial com meu pai durante a primeira viagem deles pela Europa”, conta.
Outra peça guardada com carinho por Emanuelle e sua irmãs, é um casaco, que até já ficou famoso entre amigas. “Ele é bem diferente, tem uma malha metálica e é bem impactante”, descreve.
A empresária destaca a importância de reconhecer o real valor de peças de família. “Não são roupas importante por causa da grife ou preço, nem é questão de consumo, é sentimental. Elas têm uma história”, afirma . “Elas são provas de que a moda é passageira, mas o estilo é eterno”
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